
Não sei exactamente em que ponto da minha vida passei a experimentar um forte embaraço, sempre que alguém me pergunta o que faço, ou quando tenho de preencher algum impresso onde deva constar a profissão ou habilitações literárias.
A verdade é que me custa revelar que sou engenheiro, já que a fama desta classe vai de mal a pior. Tome-se como exemplo o primeiro-ministro. Mas não só...
Em Portugal quase tudo o que é político, gerente, chefe, coordenador ou consultor (estes então são os piores) é licenciado numa qualquer engenharia (ou então em direito), mas não exerce.
E a questão é mesmo esta: Eles não exercem! Não exercem, não fazem e não deixam fazer.
Debitam ideias idiotas, normas, "buzz words", siglas e acrónimos como quem come tremoços, conseguindo falar horas a fio sem dizer nada que se aproveite (como a Manuela Ferreira Leite por exemplo).
E são estes teóricos que dão mau nome aos doutores e engenheiros já que nos entopem com burocracias e teorias que exprimidas pouco ou nenhum valor trazem já que normalmente não passam de conceitos e ideias já conhecidas, recicladas e apresentadas de forma diferente e com palavras mais caras.
Sendo assim, prefiro dizer timidamente que sou programador de informática. Não que isso traga algum tipo de vantagem como por exemplo ter as gajas boas todas atrás de mim, mas pelo menos não corro o risco de ficarem a olhar para mim como quem olha para um gajo que não faz nada a não ser mandar nos que fazem.
Por outro lado, é frequente levar logo com uma conversa do tipo: "ah, trabalha nos computadores? Olhe, o meu filho também gosta muito dos computadores. Até arranja os computadores dos amigos veja lá!".
Ou então: "ah, é dos computadores? Olhe, tenho lá um problema no meu computador, mas eu não percebo nada daquilo sabe? Acho que é a 'intermete' que está avariada...".