quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

É Natal, ninguém leva a mal



Felizmente o Natal já passou. Estava a ficar com medo de sair à rua. Não há altura do ano pior para sair de casa do que esta.
Primeiro porque os assaltos a residências aumentam exponencialmente, pelo que é conveniente ter sempre a caçadeira carregada atrás da porta e dormir com um olho aberto.
Em segundo, porque um destes dias desloquei-me a um centro comercial e antes de chegar a meio do caminho para a loja onde ia, fui abordado por mais de 14 meninas daquelas associações e instituições que nascem como cogumelos a pedir dinheiro para ajudar ou os pobres ou os velhos ou as crianças ou os doentes ou os animais ou outro qualquer grupo a quem o governo não dê subsídios ou injecções de capital, com o dinheiro dos meus impostos.
Aliás, com tanta instituição a ajudar tanta gente eu tenho agora a certeza que tenho mesmo azar não calhar nenhuma que me ajude a mim. Dava jeito se me ajudassem a ter dinheiro para dar a tanta gente que anda a pedir. E já agora se me quiserem ajudar a pagar as minhas contas eu também agradeço.
Depois não admira que as lojas depois do Natal façam saldos. Eles sabem bem que depois de termos contribuído para todas os peditórios que nos apareceram, se tivermos dinheiro para comprar umas ceroulas por 49 cêntimos já não é mau.
Já não há pachorra. É o ano todo a espantar os gajos dos “citibank's”, arrumadores de automóveis, ciganas com putos ranhosos ao colo, etc., já que o raio dos impostos não os consigo evitar, e ainda levamos com este exército de pedintes natalícios. Ainda eles não abriram a boca e já e estou a dizer "não quero!" com o ar mais antipático possível para tentar desencorajar à partida qualquer tentativa de insistência. Quando insistem, chego mesmo a rosnar, o que os põe logo a recuar com aquele ar de quem está a demasiado próximo de um louco perigoso. Mas não consigo evitar. Ganhei este vício desde que soube quanto ganhava a ex-porteira da discoteca Frágil, enquanto dirigente da Abraço.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Obrodependência



Portugal sempre teve uma relação muito estranha com as obras. Sobretudo desde que a Europa nos manda dinheiro para as fazermos, isto tem sido um "ver-se-te-avias" a esburacar, a tapar, a esburacar outra vez...
O que ainda não se sabia era, agora que a torneira europeia foi canalizada mais para leste, de onde vinha o financiamento para os mega-projectos.
Apercebi-me da resposta a esta questão, quando um destes dias estava a ler mecanicamente os rodapés de um noticiário onde surge primeiro este:
- "Ligação Lisboa-Porto do TGV custa 2500 milhões de Euros"
E logo a seguir este:
- "Programa de troca de seringas poupa ao estado 1700 milhões de Euros"
Ora aí está… Quem vai pagar a linha Lisboa-Porto do TGV, são os drogados (ou toxicodependentes como se diz agora).
Se eles não fossem uns gajos porreiros, com um civismo a toda a prova, que os obriga a ir sempre trocar as seringas velhas pelas novas, lá vinha mais uma subida de impostos para pagar a obra.
Assim já não é preciso. Já temos dinheiro para chegar, senão ao Porto, pelo menos a Coimbra.
Aliás, se fossemos a contabilizar o comprimento das linhas que eles "snifam", tínhamos TGV pelo menos até aos Pirenéus. Ou até Alicante vá... passando por Olivença.